ACMA | HOBBIES & PASSATEMPOS | O Meu Yoga

10:00 Joana Santos 5 Comments


A Primavera chegou e, com ela, trouxe um sentimento de energia renovada: a vontade de mergulhar mais fundo no yoga. No meu yoga. E é dele que vos falo hoje, nesta nova participação no Projecto A Cultura Mora Aqui (ACMA), que pretende descobrir mais sobre os nossos hobbies e passatempos. 


São seis da tarde. A minha casa está em silêncio. Não há muita luz, porque, hoje, por estes lados, o sol não se deixou ver, apesar de ter lido pela Internet que a primavera chegou a muitos pontos do país. Está frio. Vou buscar o meu tapete de yoga roxo, os meus blocos cinzentos e o meu cinto azul. Desenrolo o tapete pelo chão da sala e sento-me. Fecho os olhos. Apetece-me ficar só aqui sem fazer nada, sem dizer nada, sem pensar em nada. Apetece-me ficar aqui a sentir, apenas. Primeiro, a minha respiração. Profunda, a acalmar a pouco e pouco. Depois, todo o turbilhão de emoções que andam por aqui, que têm andado: não só à flor da pele, mas em toda a sua profundidade. E é isso mesmo que faço. Camada após camada de pele vou descascando tudo. Vou deixando o meu corpo fragmentar-se, inspirando, expirando, inspirando outra vez. Vou-me partindo em pedacinhos cada vez mais pequenos de pele e de corpo. Inspirando o ar da minha casa, que cheira a lavado, e expirando pedacinhos cada vez mais pequenos de coisas acumuladas, sujas, desnecessárias. Lágrimas, gritos, dores, memórias. Vou retirando o peso de tudo e vou ficando mais leve. Cada vez mais leve. E, de repente, sou só um ponto de luz, a tentar livrar-se da escuridão que se acumula ano após ano. 
Há pouco mais de três meses, eu era só uma pessoa que achava que só precisava de uma hora por semana de calma e de espaço para respirar e para estar focada em mim: depois, vivia o resto da semana agitada, nervosa, como sempre. Iludia-me muito. Todos os dias. 
Há pouco mais de três meses, era tão difícil chegar ao ponto em que me permito a sentir tudo aquilo que há para sentir. Era tão difícil permitir-me a estar ali: vulnerável e fragmentada. Ouvia as palavras daqueles que me tentavam guiar até ao lugar da leveza e pensava: "Não consigo. Não posso. Não quero chegar a esse ponto. Não me façam sentir isto. Quem é que vos disse que me quero libertar do que tenho cá dentro? Faz parte de mim. É aquilo que eu sou. São as minhas coisas.". Queria ser "uma pessoa forte", queria ser "melhor", queria ser, na verdade, tudo menos eu e, de preferência, continuando a iludir-me, a arranjar escapatórias. Mas, depois, tornou-se tão necessário parar tudo: deixar-me ser vulnerável e fragmentada. Tornou-se tão necessária a comichão na garganta, que me fazia tossir em todas as posturas de yoga mas que me libertava e criava espaço para novas palavras e novos sons. Tornou-se tão necessário o nó na garganta que me sufocava mas que, aos poucos, me ensinava a pedir aquilo que sempre quis e a dizer aquilo que sempre precisei de dizer. Tornou-se tão necessário sentir as lágrimas quentes a escorrer pelo meu rosto, lágrimas de contentamento por estar, por fim, a partir a carapaça e a pedra que me envolvia e que eu nem sabia que tinha. Tornou-se tão necessário ter o meu coração quente de felicidade. 


Se, há dois anos atrás, me dissessem que, dois anos depois, ia ser esta pessoa que sou agora eu teria rezado para que se enganassem. Eu resistia, sim. Contrariava-me. Contrariava a minha verdadeira natureza, as minhas necessidades, as minhas emoções. Fugia. E não entenderia se me dissessem que desenrolando um tapete, fechando os olhos, respirando e carregando no botão "STOP" da vida que levo por uns momentos estaria a carregar no botão "PLAY" da vida que quero real e verdadeiramente levar. 
Se antes eu achava que, para ser feliz, precisava de ser a minha definição de forte e de estar segura de todas as minhas decisões, de ter o que achava que queria naquele momento no exacto momento em que queria, de me proteger na minha carapaça de todos aqueles que podiam atacar a minha vulnerabilidade, hoje, tenho a certeza de que não podia estar mais errada. 
Hoje, sei que ser forte é, para além de permitir-me a sentir o turbilhão de emoções à flor da pele e em toda a sua profundidade, libertar-me daquilo que é desnecessário respiração após respiração, criando espaço para novas vivências e para continuar o meu caminho. Ser forte é permitir-me a fraquejar, a deixar-me ser vulnerável, a deixar-me inundar por todo este mundo cheio de outras pessoas maravilhosas e carregadas de ensinamentos, colocadas no meu caminho para me levarem mais longe e me fazerem mais feliz. Ser forte é deixar-me ser o ponto de luz deitado no tapete, fragmentado. 
Hoje, olhando para o presente, para o ponto de luz deitado no tapete roxo, vejo alguém que descobre, todos os dias, um caminho que vale a pena, alguém que aprende a apreciar os pontos mais escuros de si própria e libertar-se deles quando é chegada hora, alguém que consegue começar a ver com clareza, a sentir com amor. Vejo alguém que sabe que ainda há um longo caminho pela frente, alguém que está em pulgas para o percorrer. Vejo alguém com sede de aprender, de crescer mais, de desatar mais nós e de limpar mais janelas, para que fique tudo brilhante. 
A minha prática de yoga começou por ser o meu hobbie: uma aula à quinta-feira, num estúdio no Campo Pequeno. Depois o Yoga mudou-me. Mudou-me sem eu sequer dar por isso. Questionou as minhas crenças, as minhas relações humanas, os meus gostos, as minhas necessidades. E dá-me tudo aquilo de que eu preciso para aprender a lidar comigo, com o mundo, com a vida e com os sentimentos, sensações e pensamentos de uma maneira mais consciente, mais grata e mais feliz. Hoje, sei que o yoga é um estilo de vida: a forma como olho para mim, como reajo ao que me acontece, a calma que encontro depois de um grito de frustração ou a vontade de parar e ouvir o meu coração depois de uma tempestade de sentimentos. 


Podem ver mais publicações escritas por mim para este projecto aqui

Lista de criadores:


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Já sabes, não falaremos de moda nem acessórios, mas daremos banhos de cultura ao mundo dos blogues e bloggers. Ah, muito importante: se és Youtuber não te acanhes. Também tu podes participar neste projecto! 

Não se esqueçam de visitar a página do Facebook do projecto e ainda dar uma vista de olhos aos blogues participantes

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Writing: my favourite kind of meditation

16:30 Joana Santos 7 Comments

Meditar. Diz-se por aí que meditar está na moda. De repente, o mundo está cheio de palavras como "mindfulness", as livrarias estão cheias de livros onde se pintam mandalas e a loja de aplicações dos nossos telemóveis sugere-nos várias vezes por dia para que façamos o download de uma app que promete desligar o nosso cérebro e, assim do nada, levar-nos ao nirvana.
Nunca fui grande fã daquele tipo de meditação em que nos pedem para fechar os olhos e apenas estar ali. Há muitas pessoas que pensam que tenho uma prática de meditação diária, porque pratico yoga, mas não tenho. Às vezes, sim, apetece-me apenas "existir", sentada no chão, de pernas cruzadas ou deitada no tapete. Mas é raro. Eu encontrei outras formas de meditação que funcionam melhor para mim.
A verdade é que cada pessoa funciona de maneira diferente: há quem goste de pintar mandalas, há quem medite enquanto faz jardinagem, há quem prefira meditações guiadas, há que não queira sequer ficar em silêncio. E, claro, está tudo bem. Não é preciso comprarmos CDs, livros, aplicações que nos ensinem a meditar. Nós somos capazes de encontrar as nossas próprias formas. Bem dentro de nós. Faz o que for melhor para o teu coração. 
Hoje, quero falar-vos da minha prática de meditação preferida: escrever.
Desde que me lembro que me expresso muito bem através de um papel e de uma caneta. Não construo frases muito elaboradas nem obras literárias magníficas, mas consigo deitar cá para fora o que vai no meu coração e na minha cabeça através das palavras. E essa foi a forma que eu encontrei de organizar os meus pensamentos e conseguir estar calma. Quando algo de menos bom se passa, quando a minha cabeça está a mil, quando o meu coração não sossega, escrevo.
Quando era mais nova, tinha milhares de cadernos espalhados pela casa onde escrevia: contos, frases, palavras, cartas. Hoje, ainda tenho os meus sítios secretos onde escrevo: agora dentro de malas de viagem ou na estante do quarto. Escrevo para mim e muitas vezes escrevo para os outros, quando as palavras me entopem a garganta. Antigamente, esgotava até os caracteres das mensagens nos meus telemóveis e enviava mensagens partidas para não se transformarem em MMS. 
Escrevi em cinco ou seis blogues diferentes e agora escrevo neste. Escrevo em aviões, quando consigo ver o mundo de cima. Escrevo à noite, de manhã e, às vezes, até de madrugada, com um olho meio aberto e outro fechado. Os dias em que mais escrevo são os dias em que mais consigo sossegar o meu coração. E é por isso que sei que esta é a minha melhor forma de meditar: deixo os pensamentos fluir do meu coração para o papel e, depois de muitas páginas cheias ou de apenas uma linha ocupada, respiro fundo, estico os braços e sinto-me leve. Capaz de voar. 



{Obrigada à Sónia por me relembrar do quão feliz me sinto depois de escrever.}

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Let's get enlightened about ourselves

16:42 Joana Santos 5 Comments


Há uns tempos, numa tarde de procrastinação, cruzei-me com um documentário chamado Enlighten Up. Não sou fã de documentários e, geralmente, nem paro para ler a descrição dos filmes deste género, mas desta vez foi diferente.
O documentário foi feito por um realizador que tinha um plano muito simples: escolher alguém e acompanhar essa pessoa numa viagem pelo mundo do yoga, até que ela descubra uma prática que a transforme completamente. E foi exactamente a pessoa que ele escolheu que me fez ficar presa ao ecrã: nada mais nada menos do que um jornalista. Ora, tendo eu estudado jornalismo e sendo apaixonada pela mundo do yoga, fiquei logo com a minha curiosidade no pico. Também eu quis fazer aquela viagem, também eu quis descobrir mais, experimentar mais. E ainda quero.

"A mente de um jornalista é igual à mente de um yogui: ambos querem sentir as coisas, ambos querem experimentar tudo, para provar que é verdade e não tomar como certo as palavras de outra pessoa."

A verdade é que cada um de nós encara a vida de uma perspectiva muito própria. Cada um tem a sua própria perspectiva de realidade. Mas, muitas vezes, somos, neste mundo, incitados a pensar como todos os outros. E isso tira-nos toda a experiência de viver. A verdadeira.
Por isso, hoje, convido-vos a viverem um dia através dos vossos próprios olhos. Com curiosidade. Com vontade de conhecer. Sejam os jornalistas das vossas vidas: investiguem esses sentimentos guardados dentro de vocês próprios e tentem encontrar respostas para as vossas perguntas. Quem sou eu? Porque me dói a garganta, será que deixei algo por dizer? O que é este peso no coração? Porque é que isto faz um sorriso nascer nos meus lábios? Para onde quero ir a seguir?

Sejam yogis: unam todos os bocadinhos perdidos dentro de vocês e descubram-se.

Com amor,
Joana


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TORRE DE BABEL

21:00 Joana Santos 4 Comments



Reza a lenda que, na Babilónia, depois do dilúvio, os sobreviventes (descendentes de Noé) tentaram construir uma torre muito alta — a Torre de Babel — com o objectivo de alcançar os deuses. Os deuses, claro, não gostaram da ideia: afinal de contas, nenhum comum mortal deveria aspirar a ser um deus. Como castigo por esta tentativa de chegarem ao céu sem serem convidados, os deuses, para além de derrubarem a torre, ainda fizeram com que todos os homens construtores começassem a falar línguas diferentes. Num momento, todos se entendiam perfeitamente. No momento seguinte, ninguém conseguia fazer-se compreender.
Por causa de tudo isto, hoje em dia, milhares de pessoas como eu enfrentam um desafio: aprender como nos expressarmos em outra língua.
Nunca me tinha dado conta deste facto até, há quase dois anos, mudar de país. Na altura, o meu primeiro trabalho aqui foi no serviço de apoio ao cliente de uma loja, maioritariamente frequentada por imigrantes. Durante um dia de trabalho (oito horas), ouvia milhares de vozes distintas, com sotaques carregados: britânicos, polacos, checos, romenos, portugueses, italianos, gregos, búlgaros, turcos. Durante uma semana de trabalho (quarenta horas), todos nós fazíamos um esforço para que, com os nossos diferentes sotaques, nos conseguíssemos entender.
Foi um desafio e tanto. Nunca fui uma aluna exemplar a inglês: sempre achei a língua aborrecida e nunca percebi porque é que o inglês é uma língua tão universal. Mas, desde que vim para cá, tenho melhorado a olhos vistos. Ou a ouvidos ouvidos. Se dantes não conseguia distinguir uma única palavra no meio de todo um discurso nesta língua estrangeira, hoje conto histórias, faço perguntas e até consigo dizer umas quantas piadas (acreditem, ter piada noutra língua custa horrores).
Em termos de aprendizagem linguística, os meses que trabalhei naquela loja foram os mais produtivos: durante os momentos de pausa do trabalho, eu e os meus amigos polacos, búlgaros, romenos e ingleses ajudáva-nos uns aos outros e desenvolvemo-nos e aprendemos mais sobre esta língua juntos. A nossa sala de pausa acabava por soar exactamente ao momento que precedeu o episódio da Torre de Babel: todos, em diferentes línguas, tentamos chegar a um consenso sobre como se fala numa língua só.
Com tantas conversas, quase dois anos depois, já me habituei aos sotaques diferentes: hoje, tenho amigos de toda a parte do mundo e, por causa deles, começo agora a dar os meus primeiros passos noutras línguas: sei contar até dez, dizer "bom dia", "adeus", "sim" e "não" e "obrigada" em polaco, sei que os números e o abecedário romenos soam da mesma maneira que os números e o abecedário portugueses e até já sei escrever algumas letras em grego. Pelo meio, aprendi italiano (especialmente, tudo o que tem que ver com utensílios de cozinha) e sei dizer "O meu nome é Joana. E o teu?" em árabe. Colecciono amigos de toda a parte do mundo e nada me faz mais feliz do que a nossa pequena Torre de Babel.
Aliás, se há coisa que este episódio da Torre de Babel me ensinou é que, no final de contas, o castigo não foi nada de assim tão grave: há sempre alguém que nos compreende, há sempre gestos que nos ajudam a sermos compreendidos e, acima de tudo, estas conversas em idiomas diferentes até nos desenvolvem o cérebro. Os deuses não são assim tão espertos. 

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Começar a semana a agradecer

21:55 Joana Santos 7 Comments


Tudo aquilo que damos ao mundo é-nos retribuído. Se o tratarmos mal, ele presentear-nos-á com dor, sofrimento, frustração. Se o tratarmos bem, a nossa vida fluirá com bem-estar. Por outras palavras, aquilo que cultivamos será aquilo que vamos colher. Mais que não seja, se não quisermos ver isto do ponto de vista da lei da atração, porque quando nos sentimos irritados e tristes fazemos com que a nossa visão fique turva, enervamo-nos, perdemos a calma e a racionalidade e bloqueamos. Que coisas boas conseguimos fazer quando nos encontramos neste estado? Nada.
Mas, quando cultivamos o bem dentro de nós próprios, quando nos preocupamos em compreender o nosso interior e o mundo que nos rodeia, quando olhamos para a vida com uma atitude positiva, conseguimos ter uma visão clara de tudo. Mesmo quando há algo que não nos corre bem, que não corre como nós desejávamos, que nos faz dar voltas de 180 graus, se procurarmos um porquê para o que aconteceu ter acontecido assim, se procurarmos uma lição a retirar, se nos preocuparmos em ser racionais ao invés de nos queixarmos, de nos maltratarmos e de maltratarmos o mundo, vamos conseguir encarar a nossa vida com clareza e tudo o que virá depois virá por bem. Cresceremos assim.
Este bem que deixamos que cresça dentro de nós chama-se gratidão. Quanto mais lhe damos, mais ela nos dá motivos para estarmos gratos por tudo o que temos. Quanto mais razões encontramos na nossa vida para estarmos mais gratos, mais razões vamos encontrando. Quanto mais vamos agradecendo, mais motivos nos vão sendo dados para agradecer. Porque estar grato é expressar aquilo que está dentro de nós: é expressar-nos verdadeiramente.
E eu estou grata por me poder expressar.

Hoje, precisava de escrever isto. Hoje, precisava de ler isto.

Com amor, 
Joana

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Joana on the green path: going veggie

15:50 Joana Santos 5 Comments

Há mais de um mês que ando a pensar em iniciar a minha rubrica Joana on the green path, mas decidi que não havia melhor ideia do que esperar até ao mês de Março. Afinal de contas, este é o mês em que voltamos a encher-nos de cores: começa a Primavera, os dias ficam mais longos, o sol brilha e as árvores vestem-se de flores. A energia pesada do Inverno começa a dar espaço aos sorrisos leves que crescem com o calor e, por isso, Março é, assim, o mês perfeito para vos levar neste meu caminho por uma vida mais verde. Desde que me inciei no mundo do yoga que, por acompanhar de perto muitos outros exemplos, estudar e ler muito, fui também alterando outros aspectos da minha vida. A prática de yoga deixou de ser algo puramente físico e levou-me numa descoberta sobre as mil e uma maneiras de tornar este mundo um lugar mais feliz, transpondo as maravilhosas mudanças que acontecem dentro de mim para o exterior. Porque me sinto bem e feliz tenho também vontade de fazer o bem. Com pequenos passos, como usar produtos naturais para limpar a minha casa ou deixar de utilizar sacos de plástico para colocar as compras do supermercado, sei que posso contribuir para um mundo mais verde e, consequentemente, para um maior bem-estar de todos nós que aqui habitamos. Esta nova rubrica é a minha forma de vos contar mais sobre este meu percurso de aprendizagem constante e de criar, aqui no On Being Joana, um espaço em que todos nós podemos partilhar informações interessantes e úteis sobre uma vida mais ecológica. Parece-vos bem?



Joana Goes Veggie - A Journey

Para começar este meu caminho, decidi contar-vos a minha experiência pelo mundo do vegetarianismo. Na verdade, já tinha tentado deixar a carne por completo quando vim morar para Londres, porque aqui há mil e uma opções vegetarianas em qualquer restaurante e a carne, digam o que disserem, não é assim tão boa. Mas a experiência correu um bocadinho mal. Foi demasiada alteração ao mesmo tempo: um país mais frio, menos sol, sem família e vegetariana de um dia para o outro? O meu corpo entrou em colapso. Tinha quebras de tensão todas as manhãs e andava mais do que cansada: estava completamente exausta. Na altura, vivia com uma senhora que é piscetariana (ou seja, come peixe mas não come carne) e ela aconselhou-me a recuperar primeiro e a ambientar-me a esta cidade e a todas as alterações que a minha vida estava a sofrer e ler bastante sobre o tema e só depois, com consciência e calma, fazer as alterações que pretendia. Foi exactamente isso que fiz: primeiro, deixei a carne vermelha e enchi o meu prato de verduras. Continuei durante um ano a consumir carne branca e peixe. No início de 2017 senti-me preparada para tal e deixei de comer carne por completo. Neste momento, só como peixe. Já passaram dois meses desde esta grande mudança e, até agora, nunca me senti mal nem exausta nem tão pouco tive quebras de tensão. Sinto-me bem e, sobretudo, sinto-me feliz com a minha decisão. Ouço muito o meu corpo e deixar de comer carne foi uma consequência disso mesmo. Sinto-me melhor quando como alimentos de cores vivas e de sabores fortes que estimulam todos os meus sentidos. A carne, obviamente, não entra nesse grupo de alimentos. Sentir-me tão bem ao comer alimentos tão ricos e cheios da maravilhosa essência da Mãe Natureza fez-me compreender que esse é o caminho a seguir: sem justificações e grandes questões. Respirando. Respeitando o meu corpo. Porque tudo é um caminho. E porque esse caminho é para ser feito apreciando todos os seus altos e baixos. Com calma. Sei que, aos poucos e poucos, vou descobrindo cada vez mais alternativas saudáveis para este meu novo estilo de vida: porque, ao contrário do que se pensa, ser vegetariano nem sempre é ser mais saudável (sim, envolve grandes quantidades de hidratos de carbono!). E sei que, a pouco e pouco, vou ouvindo cada vez mais aquilo que o meu interior me conta. Por onde ir a seguir? Que melhorias fazer para estar mais perto da minha essência? O tempo responder-me-á. O importante é que tudo seja feito com equilíbrio, porque é equilíbio que quero para a minha vida.


Quem é que, por aqui, também faz dos legumes os seus melhores amigos? Quais são as vossas receitas preferidas? Quais os alimentos que não dispensam no vosso dia-a-dia? Quero ouvir a vossa experiência e partilhar aprendizagens e ensinamentos. Contem-me tudo!

Com amor, 
Joana

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