ACMA | HOBBIES & PASSATEMPOS | O Meu Yoga

10:00 Joana Santos 5 Comments


A Primavera chegou e, com ela, trouxe um sentimento de energia renovada: a vontade de mergulhar mais fundo no yoga. No meu yoga. E Ă© dele que vos falo hoje, nesta nova participaĂ§Ă£o no Projecto A Cultura Mora Aqui (ACMA), que pretende descobrir mais sobre os nossos hobbies e passatempos. 


SĂ£o seis da tarde. A minha casa estĂ¡ em silĂªncio. NĂ£o hĂ¡ muita luz, porque, hoje, por estes lados, o sol nĂ£o se deixou ver, apesar de ter lido pela Internet que a primavera chegou a muitos pontos do paĂ­s. EstĂ¡ frio. Vou buscar o meu tapete de yoga roxo, os meus blocos cinzentos e o meu cinto azul. Desenrolo o tapete pelo chĂ£o da sala e sento-me. Fecho os olhos. Apetece-me ficar sĂ³ aqui sem fazer nada, sem dizer nada, sem pensar em nada. Apetece-me ficar aqui a sentir, apenas. Primeiro, a minha respiraĂ§Ă£o. Profunda, a acalmar a pouco e pouco. Depois, todo o turbilhĂ£o de emoções que andam por aqui, que tĂªm andado: nĂ£o sĂ³ Ă  flor da pele, mas em toda a sua profundidade. E Ă© isso mesmo que faço. Camada apĂ³s camada de pele vou descascando tudo. Vou deixando o meu corpo fragmentar-se, inspirando, expirando, inspirando outra vez. Vou-me partindo em pedacinhos cada vez mais pequenos de pele e de corpo. Inspirando o ar da minha casa, que cheira a lavado, e expirando pedacinhos cada vez mais pequenos de coisas acumuladas, sujas, desnecessĂ¡rias. LĂ¡grimas, gritos, dores, memĂ³rias. Vou retirando o peso de tudo e vou ficando mais leve. Cada vez mais leve. E, de repente, sou sĂ³ um ponto de luz, a tentar livrar-se da escuridĂ£o que se acumula ano apĂ³s ano. 
HĂ¡ pouco mais de trĂªs meses, eu era sĂ³ uma pessoa que achava que sĂ³ precisava de uma hora por semana de calma e de espaço para respirar e para estar focada em mim: depois, vivia o resto da semana agitada, nervosa, como sempre. Iludia-me muito. Todos os dias. 
HĂ¡ pouco mais de trĂªs meses, era tĂ£o difĂ­cil chegar ao ponto em que me permito a sentir tudo aquilo que hĂ¡ para sentir. Era tĂ£o difĂ­cil permitir-me a estar ali: vulnerĂ¡vel e fragmentada. Ouvia as palavras daqueles que me tentavam guiar atĂ© ao lugar da leveza e pensava: "NĂ£o consigo. NĂ£o posso. NĂ£o quero chegar a esse ponto. NĂ£o me façam sentir isto. Quem Ă© que vos disse que me quero libertar do que tenho cĂ¡ dentro? Faz parte de mim. É aquilo que eu sou. SĂ£o as minhas coisas.". Queria ser "uma pessoa forte", queria ser "melhor", queria ser, na verdade, tudo menos eu e, de preferĂªncia, continuando a iludir-me, a arranjar escapatĂ³rias. Mas, depois, tornou-se tĂ£o necessĂ¡rio parar tudo: deixar-me ser vulnerĂ¡vel e fragmentada. Tornou-se tĂ£o necessĂ¡ria a comichĂ£o na garganta, que me fazia tossir em todas as posturas de yoga mas que me libertava e criava espaço para novas palavras e novos sons. Tornou-se tĂ£o necessĂ¡rio o nĂ³ na garganta que me sufocava mas que, aos poucos, me ensinava a pedir aquilo que sempre quis e a dizer aquilo que sempre precisei de dizer. Tornou-se tĂ£o necessĂ¡rio sentir as lĂ¡grimas quentes a escorrer pelo meu rosto, lĂ¡grimas de contentamento por estar, por fim, a partir a carapaça e a pedra que me envolvia e que eu nem sabia que tinha. Tornou-se tĂ£o necessĂ¡rio ter o meu coraĂ§Ă£o quente de felicidade. 


Se, hĂ¡ dois anos atrĂ¡s, me dissessem que, dois anos depois, ia ser esta pessoa que sou agora eu teria rezado para que se enganassem. Eu resistia, sim. Contrariava-me. Contrariava a minha verdadeira natureza, as minhas necessidades, as minhas emoções. Fugia. E nĂ£o entenderia se me dissessem que desenrolando um tapete, fechando os olhos, respirando e carregando no botĂ£o "STOP" da vida que levo por uns momentos estaria a carregar no botĂ£o "PLAY" da vida que quero real e verdadeiramente levar. 
Se antes eu achava que, para ser feliz, precisava de ser a minha definiĂ§Ă£o de forte e de estar segura de todas as minhas decisões, de ter o que achava que queria naquele momento no exacto momento em que queria, de me proteger na minha carapaça de todos aqueles que podiam atacar a minha vulnerabilidade, hoje, tenho a certeza de que nĂ£o podia estar mais errada. 
Hoje, sei que ser forte Ă©, para alĂ©m de permitir-me a sentir o turbilhĂ£o de emoções Ă  flor da pele e em toda a sua profundidade, libertar-me daquilo que Ă© desnecessĂ¡rio respiraĂ§Ă£o apĂ³s respiraĂ§Ă£o, criando espaço para novas vivĂªncias e para continuar o meu caminho. Ser forte Ă© permitir-me a fraquejar, a deixar-me ser vulnerĂ¡vel, a deixar-me inundar por todo este mundo cheio de outras pessoas maravilhosas e carregadas de ensinamentos, colocadas no meu caminho para me levarem mais longe e me fazerem mais feliz. Ser forte Ă© deixar-me ser o ponto de luz deitado no tapete, fragmentado. 
Hoje, olhando para o presente, para o ponto de luz deitado no tapete roxo, vejo alguĂ©m que descobre, todos os dias, um caminho que vale a pena, alguĂ©m que aprende a apreciar os pontos mais escuros de si prĂ³pria e libertar-se deles quando Ă© chegada hora, alguĂ©m que consegue começar a ver com clareza, a sentir com amor. Vejo alguĂ©m que sabe que ainda hĂ¡ um longo caminho pela frente, alguĂ©m que estĂ¡ em pulgas para o percorrer. Vejo alguĂ©m com sede de aprender, de crescer mais, de desatar mais nĂ³s e de limpar mais janelas, para que fique tudo brilhante. 
A minha prĂ¡tica de yoga começou por ser o meu hobbie: uma aula Ă  quinta-feira, num estĂºdio no Campo Pequeno. Depois o Yoga mudou-me. Mudou-me sem eu sequer dar por isso. Questionou as minhas crenças, as minhas relações humanas, os meus gostos, as minhas necessidades. E dĂ¡-me tudo aquilo de que eu preciso para aprender a lidar comigo, com o mundo, com a vida e com os sentimentos, sensações e pensamentos de uma maneira mais consciente, mais grata e mais feliz. Hoje, sei que o yoga Ă© um estilo de vida: a forma como olho para mim, como reajo ao que me acontece, a calma que encontro depois de um grito de frustraĂ§Ă£o ou a vontade de parar e ouvir o meu coraĂ§Ă£o depois de uma tempestade de sentimentos. 


Podem ver mais publicações escritas por mim para este projecto aqui

Lista de criadores:


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JĂ¡ sabes, nĂ£o falaremos de moda nem acessĂ³rios, mas daremos banhos de cultura ao mundo dos blogues e bloggers. Ah, muito importante: se Ă©s Youtuber nĂ£o te acanhes. TambĂ©m tu podes participar neste projecto! 

NĂ£o se esqueçam de visitar a pĂ¡gina do Facebook do projecto e ainda dar uma vista de olhos aos blogues participantes

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Writing: my favourite kind of meditation

16:30 Joana Santos 7 Comments

Meditar. Diz-se por aĂ­ que meditar estĂ¡ na moda. De repente, o mundo estĂ¡ cheio de palavras como "mindfulness", as livrarias estĂ£o cheias de livros onde se pintam mandalas e a loja de aplicações dos nossos telemĂ³veis sugere-nos vĂ¡rias vezes por dia para que façamos o download de uma app que promete desligar o nosso cĂ©rebro e, assim do nada, levar-nos ao nirvana.
Nunca fui grande fĂ£ daquele tipo de meditaĂ§Ă£o em que nos pedem para fechar os olhos e apenas estar ali. HĂ¡ muitas pessoas que pensam que tenho uma prĂ¡tica de meditaĂ§Ă£o diĂ¡ria, porque pratico yoga, mas nĂ£o tenho. Ă€s vezes, sim, apetece-me apenas "existir", sentada no chĂ£o, de pernas cruzadas ou deitada no tapete. Mas Ă© raro. Eu encontrei outras formas de meditaĂ§Ă£o que funcionam melhor para mim.
A verdade Ă© que cada pessoa funciona de maneira diferente: hĂ¡ quem goste de pintar mandalas, hĂ¡ quem medite enquanto faz jardinagem, hĂ¡ quem prefira meditações guiadas, hĂ¡ que nĂ£o queira sequer ficar em silĂªncio. E, claro, estĂ¡ tudo bem. NĂ£o Ă© preciso comprarmos CDs, livros, aplicações que nos ensinem a meditar. NĂ³s somos capazes de encontrar as nossas prĂ³prias formas. Bem dentro de nĂ³s. Faz o que for melhor para o teu coraĂ§Ă£o. 
Hoje, quero falar-vos da minha prĂ¡tica de meditaĂ§Ă£o preferida: escrever.
Desde que me lembro que me expresso muito bem atravĂ©s de um papel e de uma caneta. NĂ£o construo frases muito elaboradas nem obras literĂ¡rias magnĂ­ficas, mas consigo deitar cĂ¡ para fora o que vai no meu coraĂ§Ă£o e na minha cabeça atravĂ©s das palavras. E essa foi a forma que eu encontrei de organizar os meus pensamentos e conseguir estar calma. Quando algo de menos bom se passa, quando a minha cabeça estĂ¡ a mil, quando o meu coraĂ§Ă£o nĂ£o sossega, escrevo.
Quando era mais nova, tinha milhares de cadernos espalhados pela casa onde escrevia: contos, frases, palavras, cartas. Hoje, ainda tenho os meus sĂ­tios secretos onde escrevo: agora dentro de malas de viagem ou na estante do quarto. Escrevo para mim e muitas vezes escrevo para os outros, quando as palavras me entopem a garganta. Antigamente, esgotava atĂ© os caracteres das mensagens nos meus telemĂ³veis e enviava mensagens partidas para nĂ£o se transformarem em MMS. 
Escrevi em cinco ou seis blogues diferentes e agora escrevo neste. Escrevo em aviões, quando consigo ver o mundo de cima. Escrevo Ă  noite, de manhĂ£ e, Ă s vezes, atĂ© de madrugada, com um olho meio aberto e outro fechado. Os dias em que mais escrevo sĂ£o os dias em que mais consigo sossegar o meu coraĂ§Ă£o. E Ă© por isso que sei que esta Ă© a minha melhor forma de meditar: deixo os pensamentos fluir do meu coraĂ§Ă£o para o papel e, depois de muitas pĂ¡ginas cheias ou de apenas uma linha ocupada, respiro fundo, estico os braços e sinto-me leve. Capaz de voar. 



{Obrigada Ă  SĂ³nia por me relembrar do quĂ£o feliz me sinto depois de escrever.}

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Let's get enlightened about ourselves

16:42 Joana Santos 5 Comments


HĂ¡ uns tempos, numa tarde de procrastinaĂ§Ă£o, cruzei-me com um documentĂ¡rio chamado Enlighten Up. NĂ£o sou fĂ£ de documentĂ¡rios e, geralmente, nem paro para ler a descriĂ§Ă£o dos filmes deste gĂ©nero, mas desta vez foi diferente.
O documentĂ¡rio foi feito por um realizador que tinha um plano muito simples: escolher alguĂ©m e acompanhar essa pessoa numa viagem pelo mundo do yoga, atĂ© que ela descubra uma prĂ¡tica que a transforme completamente. E foi exactamente a pessoa que ele escolheu que me fez ficar presa ao ecrĂ£: nada mais nada menos do que um jornalista. Ora, tendo eu estudado jornalismo e sendo apaixonada pela mundo do yoga, fiquei logo com a minha curiosidade no pico. TambĂ©m eu quis fazer aquela viagem, tambĂ©m eu quis descobrir mais, experimentar mais. E ainda quero.

"A mente de um jornalista Ă© igual Ă  mente de um yogui: ambos querem sentir as coisas, ambos querem experimentar tudo, para provar que Ă© verdade e nĂ£o tomar como certo as palavras de outra pessoa."

A verdade Ă© que cada um de nĂ³s encara a vida de uma perspectiva muito prĂ³pria. Cada um tem a sua prĂ³pria perspectiva de realidade. Mas, muitas vezes, somos, neste mundo, incitados a pensar como todos os outros. E isso tira-nos toda a experiĂªncia de viver. A verdadeira.
Por isso, hoje, convido-vos a viverem um dia atravĂ©s dos vossos prĂ³prios olhos. Com curiosidade. Com vontade de conhecer. Sejam os jornalistas das vossas vidas: investiguem esses sentimentos guardados dentro de vocĂªs prĂ³prios e tentem encontrar respostas para as vossas perguntas. Quem sou eu? Porque me dĂ³i a garganta, serĂ¡ que deixei algo por dizer? O que Ă© este peso no coraĂ§Ă£o? Porque Ă© que isto faz um sorriso nascer nos meus lĂ¡bios? Para onde quero ir a seguir?

Sejam yogis: unam todos os bocadinhos perdidos dentro de vocĂªs e descubram-se.

Com amor,
Joana


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TORRE DE BABEL

21:00 Joana Santos 4 Comments



Reza a lenda que, na BabilĂ³nia, depois do dilĂºvio, os sobreviventes (descendentes de NoĂ©) tentaram construir uma torre muito alta — a Torre de Babel — com o objectivo de alcançar os deuses. Os deuses, claro, nĂ£o gostaram da ideia: afinal de contas, nenhum comum mortal deveria aspirar a ser um deus. Como castigo por esta tentativa de chegarem ao cĂ©u sem serem convidados, os deuses, para alĂ©m de derrubarem a torre, ainda fizeram com que todos os homens construtores começassem a falar lĂ­nguas diferentes. Num momento, todos se entendiam perfeitamente. No momento seguinte, ninguĂ©m conseguia fazer-se compreender.
Por causa de tudo isto, hoje em dia, milhares de pessoas como eu enfrentam um desafio: aprender como nos expressarmos em outra lĂ­ngua.
Nunca me tinha dado conta deste facto atĂ©, hĂ¡ quase dois anos, mudar de paĂ­s. Na altura, o meu primeiro trabalho aqui foi no serviço de apoio ao cliente de uma loja, maioritariamente frequentada por imigrantes. Durante um dia de trabalho (oito horas), ouvia milhares de vozes distintas, com sotaques carregados: britĂ¢nicos, polacos, checos, romenos, portugueses, italianos, gregos, bĂºlgaros, turcos. Durante uma semana de trabalho (quarenta horas), todos nĂ³s fazĂ­amos um esforço para que, com os nossos diferentes sotaques, nos conseguĂ­ssemos entender.
Foi um desafio e tanto. Nunca fui uma aluna exemplar a inglĂªs: sempre achei a lĂ­ngua aborrecida e nunca percebi porque Ă© que o inglĂªs Ă© uma lĂ­ngua tĂ£o universal. Mas, desde que vim para cĂ¡, tenho melhorado a olhos vistos. Ou a ouvidos ouvidos. Se dantes nĂ£o conseguia distinguir uma Ăºnica palavra no meio de todo um discurso nesta lĂ­ngua estrangeira, hoje conto histĂ³rias, faço perguntas e atĂ© consigo dizer umas quantas piadas (acreditem, ter piada noutra lĂ­ngua custa horrores).
Em termos de aprendizagem linguĂ­stica, os meses que trabalhei naquela loja foram os mais produtivos: durante os momentos de pausa do trabalho, eu e os meus amigos polacos, bĂºlgaros, romenos e ingleses ajudĂ¡va-nos uns aos outros e desenvolvemo-nos e aprendemos mais sobre esta lĂ­ngua juntos. A nossa sala de pausa acabava por soar exactamente ao momento que precedeu o episĂ³dio da Torre de Babel: todos, em diferentes lĂ­nguas, tentamos chegar a um consenso sobre como se fala numa lĂ­ngua sĂ³.
Com tantas conversas, quase dois anos depois, jĂ¡ me habituei aos sotaques diferentes: hoje, tenho amigos de toda a parte do mundo e, por causa deles, começo agora a dar os meus primeiros passos noutras lĂ­nguas: sei contar atĂ© dez, dizer "bom dia", "adeus", "sim" e "nĂ£o" e "obrigada" em polaco, sei que os nĂºmeros e o abecedĂ¡rio romenos soam da mesma maneira que os nĂºmeros e o abecedĂ¡rio portugueses e atĂ© jĂ¡ sei escrever algumas letras em grego. Pelo meio, aprendi italiano (especialmente, tudo o que tem que ver com utensĂ­lios de cozinha) e sei dizer "O meu nome Ă© Joana. E o teu?" em Ă¡rabe. Colecciono amigos de toda a parte do mundo e nada me faz mais feliz do que a nossa pequena Torre de Babel.
AliĂ¡s, se hĂ¡ coisa que este episĂ³dio da Torre de Babel me ensinou Ă© que, no final de contas, o castigo nĂ£o foi nada de assim tĂ£o grave: hĂ¡ sempre alguĂ©m que nos compreende, hĂ¡ sempre gestos que nos ajudam a sermos compreendidos e, acima de tudo, estas conversas em idiomas diferentes atĂ© nos desenvolvem o cĂ©rebro. Os deuses nĂ£o sĂ£o assim tĂ£o espertos. 

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Começar a semana a agradecer

21:55 Joana Santos 7 Comments


Tudo aquilo que damos ao mundo Ă©-nos retribuĂ­do. Se o tratarmos mal, ele presentear-nos-Ă¡ com dor, sofrimento, frustraĂ§Ă£o. Se o tratarmos bem, a nossa vida fluirĂ¡ com bem-estar. Por outras palavras, aquilo que cultivamos serĂ¡ aquilo que vamos colher. Mais que nĂ£o seja, se nĂ£o quisermos ver isto do ponto de vista da lei da atraĂ§Ă£o, porque quando nos sentimos irritados e tristes fazemos com que a nossa visĂ£o fique turva, enervamo-nos, perdemos a calma e a racionalidade e bloqueamos. Que coisas boas conseguimos fazer quando nos encontramos neste estado? Nada.
Mas, quando cultivamos o bem dentro de nĂ³s prĂ³prios, quando nos preocupamos em compreender o nosso interior e o mundo que nos rodeia, quando olhamos para a vida com uma atitude positiva, conseguimos ter uma visĂ£o clara de tudo. Mesmo quando hĂ¡ algo que nĂ£o nos corre bem, que nĂ£o corre como nĂ³s desejĂ¡vamos, que nos faz dar voltas de 180 graus, se procurarmos um porquĂª para o que aconteceu ter acontecido assim, se procurarmos uma liĂ§Ă£o a retirar, se nos preocuparmos em ser racionais ao invĂ©s de nos queixarmos, de nos maltratarmos e de maltratarmos o mundo, vamos conseguir encarar a nossa vida com clareza e tudo o que virĂ¡ depois virĂ¡ por bem. Cresceremos assim.
Este bem que deixamos que cresça dentro de nĂ³s chama-se gratidĂ£o. Quanto mais lhe damos, mais ela nos dĂ¡ motivos para estarmos gratos por tudo o que temos. Quanto mais razões encontramos na nossa vida para estarmos mais gratos, mais razões vamos encontrando. Quanto mais vamos agradecendo, mais motivos nos vĂ£o sendo dados para agradecer. Porque estar grato Ă© expressar aquilo que estĂ¡ dentro de nĂ³s: Ă© expressar-nos verdadeiramente.
E eu estou grata por me poder expressar.

Hoje, precisava de escrever isto. Hoje, precisava de ler isto.

Com amor, 
Joana

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Joana on the green path: going veggie

15:50 Joana Santos 5 Comments

HĂ¡ mais de um mĂªs que ando a pensar em iniciar a minha rubrica Joana on the green path, mas decidi que nĂ£o havia melhor ideia do que esperar atĂ© ao mĂªs de Março. Afinal de contas, este Ă© o mĂªs em que voltamos a encher-nos de cores: começa a Primavera, os dias ficam mais longos, o sol brilha e as Ă¡rvores vestem-se de flores. A energia pesada do Inverno começa a dar espaço aos sorrisos leves que crescem com o calor e, por isso, Março Ă©, assim, o mĂªs perfeito para vos levar neste meu caminho por uma vida mais verde. Desde que me inciei no mundo do yoga que, por acompanhar de perto muitos outros exemplos, estudar e ler muito, fui tambĂ©m alterando outros aspectos da minha vida. A prĂ¡tica de yoga deixou de ser algo puramente fĂ­sico e levou-me numa descoberta sobre as mil e uma maneiras de tornar este mundo um lugar mais feliz, transpondo as maravilhosas mudanças que acontecem dentro de mim para o exterior. Porque me sinto bem e feliz tenho tambĂ©m vontade de fazer o bem. Com pequenos passos, como usar produtos naturais para limpar a minha casa ou deixar de utilizar sacos de plĂ¡stico para colocar as compras do supermercado, sei que posso contribuir para um mundo mais verde e, consequentemente, para um maior bem-estar de todos nĂ³s que aqui habitamos. Esta nova rubrica Ă© a minha forma de vos contar mais sobre este meu percurso de aprendizagem constante e de criar, aqui no On Being Joana, um espaço em que todos nĂ³s podemos partilhar informações interessantes e Ăºteis sobre uma vida mais ecolĂ³gica. Parece-vos bem?



Joana Goes Veggie - A Journey

Para começar este meu caminho, decidi contar-vos a minha experiĂªncia pelo mundo do vegetarianismo. Na verdade, jĂ¡ tinha tentado deixar a carne por completo quando vim morar para Londres, porque aqui hĂ¡ mil e uma opções vegetarianas em qualquer restaurante e a carne, digam o que disserem, nĂ£o Ă© assim tĂ£o boa. Mas a experiĂªncia correu um bocadinho mal. Foi demasiada alteraĂ§Ă£o ao mesmo tempo: um paĂ­s mais frio, menos sol, sem famĂ­lia e vegetariana de um dia para o outro? O meu corpo entrou em colapso. Tinha quebras de tensĂ£o todas as manhĂ£s e andava mais do que cansada: estava completamente exausta. Na altura, vivia com uma senhora que Ă© piscetariana (ou seja, come peixe mas nĂ£o come carne) e ela aconselhou-me a recuperar primeiro e a ambientar-me a esta cidade e a todas as alterações que a minha vida estava a sofrer e ler bastante sobre o tema e sĂ³ depois, com consciĂªncia e calma, fazer as alterações que pretendia. Foi exactamente isso que fiz: primeiro, deixei a carne vermelha e enchi o meu prato de verduras. Continuei durante um ano a consumir carne branca e peixe. No inĂ­cio de 2017 senti-me preparada para tal e deixei de comer carne por completo. Neste momento, sĂ³ como peixe. JĂ¡ passaram dois meses desde esta grande mudança e, atĂ© agora, nunca me senti mal nem exausta nem tĂ£o pouco tive quebras de tensĂ£o. Sinto-me bem e, sobretudo, sinto-me feliz com a minha decisĂ£o. Ouço muito o meu corpo e deixar de comer carne foi uma consequĂªncia disso mesmo. Sinto-me melhor quando como alimentos de cores vivas e de sabores fortes que estimulam todos os meus sentidos. A carne, obviamente, nĂ£o entra nesse grupo de alimentos. Sentir-me tĂ£o bem ao comer alimentos tĂ£o ricos e cheios da maravilhosa essĂªncia da MĂ£e Natureza fez-me compreender que esse Ă© o caminho a seguir: sem justificações e grandes questões. Respirando. Respeitando o meu corpo. Porque tudo Ă© um caminho. E porque esse caminho Ă© para ser feito apreciando todos os seus altos e baixos. Com calma. Sei que, aos poucos e poucos, vou descobrindo cada vez mais alternativas saudĂ¡veis para este meu novo estilo de vida: porque, ao contrĂ¡rio do que se pensa, ser vegetariano nem sempre Ă© ser mais saudĂ¡vel (sim, envolve grandes quantidades de hidratos de carbono!). E sei que, a pouco e pouco, vou ouvindo cada vez mais aquilo que o meu interior me conta. Por onde ir a seguir? Que melhorias fazer para estar mais perto da minha essĂªncia? O tempo responder-me-Ă¡. O importante Ă© que tudo seja feito com equilĂ­brio, porque Ă© equilĂ­bio que quero para a minha vida.


Quem Ă© que, por aqui, tambĂ©m faz dos legumes os seus melhores amigos? Quais sĂ£o as vossas receitas preferidas? Quais os alimentos que nĂ£o dispensam no vosso dia-a-dia? Quero ouvir a vossa experiĂªncia e partilhar aprendizagens e ensinamentos. Contem-me tudo!

Com amor, 
Joana

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