Mariana Neves ~ Other Voices
Há uns tempos atrás, fiz uma lista das minhas mulheres-Ãdolo: aquelas que me inspiram, que me dão vontade de correr atrás dos meus objectivos e que me tornam uma pessoa melhor. Escrevi o nome da Mariana logo na primeira linha, com uma letra bonita, e desenhei um girassol ao seu lado. Não sei há quantos anos a Mariana entrou na minha vida, mas sei que, quando isso aconteceu, trouxe o sol com ela. Entrega sorrisos e distribui abraços sem pedir nada em troca e, dentro do seu coração, cabe o mundo inteiro, mesmo que o mundo inteiro ainda não o saiba. As vinte e quatro horas do dia são divididas entre a
psicomotricidade, o Projecto Cartas Cruzadas, o chá, o seu blogue e, claro, as pessoas que lhe aquecem a alma. Pelo meio, ainda há tempo para amar a mãe natureza e partilhar todo o seu conhecimento com os que a rodeiam. É perita em juntar pessoas: por causa dela, também eu tenho uma
coach fantástica, um bando de pessoas lindas com quem troco cartas à moda antiga e sei, com toda a certeza, que divido este Planeta Azul com corações bons. Como o dela. Ela é a primeira a ser entrevistada para a nova rubrica do blogue, Other Voices. Não podia ser de outra maneira.
Chá & Girassóis
→ O que te levou a começar
este blogue?
A
história deste blogue começa em 2010. Na altura eu tinha um blogue chamado “O
(secreto) Ritual” que foi o meu porto de abrigo durante toda a minha
adolescência, escrevia lá sobre tudo: desilusões, conquistas, lágrimas e
sorrisos. Até que chegou a uma altura em que apesar de ainda continuar a amar
esse blogue tinha que seguir em frente, já não me identificava com esse estilo
de escrita e na verdade não me queria expor assim tanto. Daà cresceu o Chá &
Girassóis. O blogue que me acompanha na minha entrada do mundo adulto.
→ O blogue tem vindo a
alterar-se ao longo do tempo. Essa alteração acompanha o teu crescimento
pessoal? Se sim, de que forma?
Claro
que sim! Sinto que o meu blogue é um reflexo de mim mesma, por isso enquanto eu
mudo, ele muda também. Ele é o meu porto de abrigo, por isso está sempre
ajustado aquilo que mais gosto e que mais me completa. E claro isso não é o
mesmo que era há uns anos atrás.
→ No entanto, há sempre uma
base de temas: a vida saudável, o amor pela natureza e pelas pequenas
maravilhas da vida. Acredito que seja uma descoberta constante. Planeias as
tuas publicações ou deixas que a inspiração te chegue e escreves nesse momento?
Vou
ser sincera, Joana, há publicações que são programadas, por exemplo coisas mais
objetivas, por exemplo post sobre organização ou sobre produtos de cosmética
natural. Mas depois há post que simplesmente me apetece escrever e escrevo.
Fácil. Há uma linha orientadora nos post (até para o blogue não ficar uma
confusão) mas há também muita flexibilidade.
→ O que significa para ti o
teu blogue?
O
meu blogue, como já disse, é o meu porto de abrigo. O meu reflexo das mudanças
que vou criando na minha vida, os desafios que vou lançando, as vezes que caio,
as saudades que sinto. Uma vez disse que o meu blogue é a minha casa virtual e
tudo o que eu espero é que quem o leia sinta também isso: sou eu, a minha vida
e tudo o que ela contém (ou quase tudo).
→ Que surpresas para 2017
estás a preparar para os teus leitores?
O
único compromisso que quis estabelecer para 2017 foi escrever mais, estar mais
presente no blogue. O resto, sem expectativa.
A Blogoesfera
→ Quais são os blogues sem
os quais não podes viver?
Pergunta
muito, muito, difÃcil. E eu não sei responder. Eu sigo sensivelmente 100
blogues (e isto é uma lista muito selecionada, acredita). Recorro a vários
tipos consoante o que quero ler. Sigo muitos blogues sobre culinária
vegetariana, minimalismo e blogues pessoais. Não te consigo dizer os blogues sem
os quais não consigo viver, gosto muito de blogues autênticos e acolhedores.
→ Que conselhos darias a
alguém que estivesse, neste momento, a começar um blogue?
Façam-no
com o coração. Não pensem em lucros, em seguidores, o que quer que seja.
Escrevam de coração aberto e mesmo que ninguém comente, que ninguém saiba,
façam-no por vocês. Tornem o vosso blogue aquilo que vocês sonharam para ele.
Não desistam e peçam ajuda se precisarem. Mas o mais importante é mesmo:
escrevam com o coração. O resto vem sempre por acréscimo (na minha opinião).
→ Num mundo em que todos
nós estamos online, como estabeleces a fronteira entre aquilo que é a tua vida
pessoal e a tua vida pública?
Fácil.
Só publico coisas que não me importo que os meus vizinhos ou os meus familiares
mais afastados saibam. Se estiver confortável para qualquer pessoa ler,
publico. Se não, guardo para mim mesma.
→ E como é que te desligas,
nos momentos em que precisas de silêncio?
Joana!
Essa pergunta é demasiado óbvia: com uma chávena de chá, claro!!
Projecto Cartas
Cruzadas
→ És uma pessoa cheia de
ideias. De onde veio a inspiração para começar este projecto?
Veio
pela paixão de escrever cartas e de acreditar mesmo que uma palavra bonita
salva o dia de alguém (como já salvou tantas vezes os meus dias). Sempre fui
conectada às palavras, as cartas são o meu meio favorito para espalhar
felicidade. Então pus mãos à obra (sem imaginar que isto viria a ser) e cá
estou eu, cinco anos depois ainda a escrever cartas.
→ Tens ideia de quantas
cartas já enviaste?
Ao
todo? Tenho quase a certeza que já cheguei às mil. Mas pelo menos, posso
dizer-te que neste momento, já mandei para 300 pessoas diferentes. Números
bonitos, pois são?
→ Qual é o teu sÃtio
preferido para escrever cartas? E a banda sonora?
O
meu sÃtio favorito é o meu quarto porque tenho uma vista linda da janela, mas
também gosto de escrever em cafés! Gosto muito de escrever acompanhada. A banda
sonora são músicas calminhas (aliás criei uma playlist no spotify é só
pesquisarem “cartas cruzadas”) neste momento escrevo com instrumentais de piano
da Disney, músicas calmas e felizes.
→ Qual foi a carta que mais
gostaste de escrever?
Não
sei, tenho muitas cartas favoritas. Gosto muito de escrever cartas para pessoas
que adoro e mais uma vez: com o coração aberto. Já escrevi cartas a rir de
felicidade e a chorar. Essas cartas são as minhas favoritas porque sei que foram
para as pessoas certas.
→ E a que mais gostaste de
receber?
Já
recebi cartas muito bonitas, mesmo. Mas a que mais me tocou até agora, foi uma
que recebi no dia do funeral da minha avó. Sem saber a pessoa (que infelizmente
já perdi o contacto) mandou-me uma carta com umas bolachinhas que ela tinha
feito. Abri a carta depois do funeral, sem coração no peito e com a cara cheia
de lágrimas. Aquela bolacha aconchegou-me tanto o coração que nunca me vou
esquecer dessa sensação. (A pessoa não sabia que a minha avó tinha morrido, foi
mesmo coincidência).
→ Colocas sempre muito de
ti neste projecto: decoras as cartas que escreves, escreves à mão, tentas fazer
com que quem recebe essa carta se encha de felicidade. Resulta?
Diz-me
tu, que já recebeste cartas minhas: resulta?
→ O que é que já aprendeste
com este projecto?
Aprendi
coisas boas e coisas más. Das coisas boas: vale tudo a pena por um sorriso. E
podes fazer a diferença na vida de alguém por muito pouco, basta estares
presente, atenta e com boa vontade. Das coisas más: nem toda a gente sabe
manter um compromisso e existem pessoas demasiado sozinhas neste mundo. (E
muitas vezes quem me dera poder ter duplas minhas para andar por aà a abraçar
as pessoas que me contactam porque se sentem sozinhas, ninguém deveria
sentir-se assim num mundo tão cheio)
→ Até onde é que o queres
levar?
Até
onde ele me quiser levar. Sem expectativas mas com muitos sonhos. Nunca pensei
estar aqui agora, já fui entrevistada por três jornais e uma revista, dá para
acreditar?! Onde o projecto me quiser levar, eu vou com ele, sem o largar.
O Minimalismo
→ És uma apaixonada por uma
vida com menos ruÃdo, menos tralha e mais espaço para o que realmente importa.
Quando é que começou esta caminhada?
Algures
no meu segundo ano da faculdade quando comecei a ler o blog da Rita “The busy
Woman and The Stripy Cat” e aquilo do minimalismo, proactividade e organização
fez-me totalmente sentido. Na altura, estava na faculdade, fazia voluntariado,
aulas de yoga, estágio, tinha o projecto, e fazia parte da secção de
estudantes. Muitas das vezes estava cheia de coisas para fazer, sem tempo. O
minimalismo ajudou-me a manter todas essas atividades sem me sentir apertada de
tempo. E a partir daà é uma caminhada que nunca descorei.
→ Quais foram as maiores
mudanças desde que começaste a viver uma vida mais minimalista?
Comecei
a olhar melhor para o que me rodeia e a selecionar aquilo que entra na minha
vida. Comecei a repensar em que é que vou gastar as minhas energias. Percebes?
A tomar decisões mais conscientes. E a definir prioridades, na vida emocional,
profissional, económica.
→ Qual é o maior
ensinamento que daqui retiras?
Menos
é mais. Sem dúvida, e isto em relação a tanta coisa! A coisas materiais, a
momentos sociais, a pessoas. Como disse em cima, a partir do momento que só
selecionas o que te faz sentir bem, há muita coisa que tens que largar e à s
vezes pode custar, mas no fundo é mesmo mais benéfico. Acredita. Dizer “não” é
libertador.
→ O que ainda te falta
largar?
Uma
das coisas que quero mesmo largar é o telemóvel à noite. Tenho o péssimo hábito
de ir para a cama com o telemóvel e adormecer com ele ao meu lado (sim, eu sei
é péssimo!). Essa é uma das mil coisas que me faltam largar. Mas de momento é a
minha prioridade. Ainda me falta largar muita coisa, mas assim que me fizer
sentido, sei que vou dar mais passos. O que é importante é as coisas fazerem-te
sentido e quiseres lutar por elas.
O Chá
→ Quem te conhece ou
te segue de alguma forma sabe que onde está a Mariana está uma chávena de chá.
De onde vem este amor?
A minha avó. Ela tinha um chá para cada ocasião e eu herdei
isso dela. Apaixonei-me pelo chá e nunca mais o larguei.
→ Até criaste um grupo no
Facebook para os amantes de chá e puseste tanta gente, eu incluÃda, a trocar saquinhos
cheirosos por esse mundo fora. Qual é o teu sÃtio preferido para beber chá?
A minha casa! Tenho uma colecção muito grande chás por isso
tenho mais chás que a maior parte das casas de chá. Ir para o meu jardim ou
para a minha cama beber chá é fantástico e tão acolhedor.
→ E o teu chá preferido?
Chá
branco. Pelo que simboliza e pela sua leveza.
A Mariana
→ Quais são os teus
maiores objectivos e projectos para este ano?
Quero que o Projecto Cartas Cruzadas chegue mais longe,
quero chegar mais longe em tudo o que já me propus na minha vida. Quero viajar
mais, sorrir mais, viver mais. Carpe Diem.
→ E os teus maiores sonhos?
De
sempre? Escrever um livro (ou mais), ter uma vida tão bonita como a dos meus
pais, viajar pelo mundo, ir a um concerto da Tracy Chapman, ir à Disney! E ter
uma vida repleta de saúde, amor e partilha. Este é o meu maior sonho porque sei
que se tiver isto tudo vem de acréscimo.
→ Se tivesses de descrever
a Mariana a alguém, como o farias?
A
Mariana é uma pessoa muito sorridente, que acredita no melhor do mundo. Não tem
medo de elogiar, abraçar estranhos e de “conversas difÃceis”. Saudade é o nome
do meio e “coração de manteiga” é nome de famÃlia. Sonha muito, acordada e a
dormir. Acredita que “quem quer faz, quem não quer arranja desculpas”, é
exigente com ela própria e determinada no que acredita. Adora estar rodeada de
pessoas e tem a sorte de conhecer as melhores pessoas do mundo (que são os
melhores amigos). Recebe amor diariamente e espalha-o pelo mundo sempre que
pode.
→ És uma pessoa de pessoas,
unes toda a gente à tua volta, pouco importando a quantos quilómetros as
pessoas se encontram. Qual foi a maior ensinamento que todas estas pessoas que
se cruzam contigo e com os teus projectos te deram?
Nada
acontece por acaso. Se certa pessoa entrou na minha vida, é porque tem qualquer
coisa a ensinar-me e eu tento absorver tudo, viver tudo. E o outro ensinamento
foi “faz o bem e o resto vem”. Tenho a minha vida preenchida de pessoas
maravilhosas e não existem palavras para exprimir o quão grata estou por isso.
Obrigada a ti Joana, por estares nela e por seres tão bonita!
Obrigada a ti também, Mariana!
Com amor,
Joana
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