Writing: my favourite kind of meditation

16:30 Joana Santos 7 Comments

Meditar. Diz-se por aí que meditar está na moda. De repente, o mundo está cheio de palavras como "mindfulness", as livrarias estão cheias de livros onde se pintam mandalas e a loja de aplicações dos nossos telemóveis sugere-nos várias vezes por dia para que façamos o download de uma app que promete desligar o nosso cérebro e, assim do nada, levar-nos ao nirvana.
Nunca fui grande fã daquele tipo de meditação em que nos pedem para fechar os olhos e apenas estar ali. Há muitas pessoas que pensam que tenho uma prática de meditação diária, porque pratico yoga, mas não tenho. Às vezes, sim, apetece-me apenas "existir", sentada no chão, de pernas cruzadas ou deitada no tapete. Mas é raro. Eu encontrei outras formas de meditação que funcionam melhor para mim.
A verdade é que cada pessoa funciona de maneira diferente: há quem goste de pintar mandalas, há quem medite enquanto faz jardinagem, há quem prefira meditações guiadas, há que não queira sequer ficar em silêncio. E, claro, está tudo bem. Não é preciso comprarmos CDs, livros, aplicações que nos ensinem a meditar. Nós somos capazes de encontrar as nossas próprias formas. Bem dentro de nós. Faz o que for melhor para o teu coração. 
Hoje, quero falar-vos da minha prática de meditação preferida: escrever.
Desde que me lembro que me expresso muito bem através de um papel e de uma caneta. Não construo frases muito elaboradas nem obras literárias magníficas, mas consigo deitar cá para fora o que vai no meu coração e na minha cabeça através das palavras. E essa foi a forma que eu encontrei de organizar os meus pensamentos e conseguir estar calma. Quando algo de menos bom se passa, quando a minha cabeça está a mil, quando o meu coração não sossega, escrevo.
Quando era mais nova, tinha milhares de cadernos espalhados pela casa onde escrevia: contos, frases, palavras, cartas. Hoje, ainda tenho os meus sítios secretos onde escrevo: agora dentro de malas de viagem ou na estante do quarto. Escrevo para mim e muitas vezes escrevo para os outros, quando as palavras me entopem a garganta. Antigamente, esgotava até os caracteres das mensagens nos meus telemóveis e enviava mensagens partidas para não se transformarem em MMS. 
Escrevi em cinco ou seis blogues diferentes e agora escrevo neste. Escrevo em aviões, quando consigo ver o mundo de cima. Escrevo à noite, de manhã e, às vezes, até de madrugada, com um olho meio aberto e outro fechado. Os dias em que mais escrevo são os dias em que mais consigo sossegar o meu coração. E é por isso que sei que esta é a minha melhor forma de meditar: deixo os pensamentos fluir do meu coração para o papel e, depois de muitas páginas cheias ou de apenas uma linha ocupada, respiro fundo, estico os braços e sinto-me leve. Capaz de voar. 



{Obrigada à Sónia por me relembrar do quão feliz me sinto depois de escrever.}

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7 comentários:

  1. Lembraste-me dessa sensação de sossego e conforto que sinto quando escrevo.
    Também eu, como tu, desde sempre que escrevo em todo o lado como maneira de chegar cá dentro, ao meu coração. Por vezes é também uma maneira de chegar ao coração dos outros, quando falar não funciona. Obrigada por esta lembrança, acho que está na altura de voltar a pegar nos cadernos, ultimamente ando mesmo a precisar :)

    Beijinhos Joana!
    Sónia Rodrigues Pinto

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  2. Revi-me nas tuas palavras. O meu caderno costumava ser o meu melhor amigo e as palavras, a escrita o meu conforto, a toda a hora. Já não o faço com tanta frequência, nem com a intensidade com que fazia, mas também ando a pensar voltar a dedicar-me mais a isso. Beijinho

    thebrunettetofu.blogspot.pt

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  3. Olá minha querida!
    Como dizes e muito bem a meditação não passa por estar sentado de pernas cruzadas com os olhos fechados. Há tantas e boas formas de o fazer.
    Podemos fazê-lo a contemplar uma paisagem, a escrever, a ouvir música, a caminhar... enfim, da maneira que nos proporcionar melhor o nosso bem estar.
    Eu adoro e necessito de o fazer todos os dias, seja de qual for a maneira. Muitas vezes gosto mesmo de me sentar em cima do tapete do Yoga de olhos fechados, mas há outros dias em que a minha mente está tão agitada que prefiro agarrar em um dos meus cadernos e escrever, deixar as palavras fluírem através da minha caneta.
    Por isso compreendo bem o que dizes.
    Vamos meditar? Vamos sim! Mas sempre apenas da maneira que melhor nos faça sentir!
    Beijinho enorme***

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  4. Gostei tanto deste post, mesmo! Tal como tu, gosto mesmo muito de escrever, já há muitos anos, e encontro na escrita um refúgio, um porto seguro. É, sem dúvida, na escrita que deposito o que sinto, o que me incomoda, o que me faz feliz. É na escrita que sou 100% eu e é tão bom! Gostei mesmo muito!

    Um beijinho,
    Bia do Bookaholic.

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  5. Escrever faz-me sentir um alívio enorme. Não escrevo nada de especial, mas a verdade é que por vezes é essencial. Sempre me expressei melhor por escrito do que verbalmente.
    Revi-me muito naquilo que disseste :)

    Beijinhos,
    Daniela
    Blog | Facebook | Instagram

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  6. Escrever, para mim, funciona mesmo como uma terapia. Independentemente do tema, sabe-me mesmo bem perder-me nas palavras. Abrir o caderno e deixar a imaginação voar. Desabafo muitas vezes com o papel e a verdade é que não há um único dia em que não escreva. E desde miúda que é assim!

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  7. Ah, que querida! Sou como tu, com as palavras :) cheia de cadernos, diários e blocos. Mas lembro-me que havia uma outra meditação que era a minha motivação: desenhar. E há tanto tempo que já não o faço. Este post foi o incentivo perfeito para voltar a pegar no caderno de desenho, obrigada*

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